Tratamento cirúrgico moderno da hemorroida, sem corte e sem retirada de tecidos o que significará menos dor,
ausência de cicatrizes e suas complicações como o estreitamento, e com manutenção da anatomia da pele perianal,
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Hemorroida:
1-
Conceito:
Definir a palavra hemorroida
como doença não é o correto, porque este é o nome das veias que formam os
plexos venosos hemorroidários, existentes na anatomia humana normal. Ocorre que quando há congestão, dilatação e
aumento destes plexos venosos, formando emaranhado de vasos na camada submucosa
ou subcutâneo ( pele) constituem o que chamamos de mamilos hemorroidários, que podem ser internos, externos e mistos.
Hemorroida: Na anatomia humana normal. |
2- Causas:
Não há ainda uma
causa completamente conhecida para a origem das hemorroidas, mas existem hábitos e comportamentos onde se observa
uma incidência maior, tais como:
- Predisposição familiar, porém não hereditária;
- Hábitos defecatórios errôneos, como a insistência em
evacuar todos os dias, no mesmo local, passa o dia inteiro segurando e quando
chega em casa faz uma tremenda força para evacuar tudo de uma só vez, o que
determinará um aumento na pressão na luz retal, dificultando a drenagem do
sangue no interior das veias, com posterior estase e dilatação venosa;
Fezes endurecida + esforço: |
- Alimentação pobre em fibras ( verduras, legumes e principalmente alimentos integrais) e pouco liquido;
Pirâmide Alimentar Atual: |
- Prolapso ou saída anormal das hemorroidas, durante a evacuação, pelo esforço evacuatório excessivo;
Abaixo: Saida com o esforço.
- Dificuldade do esvaziamento do sangue dos vasos
hemorroidários durante a evacuação, com consequente congestão e dilatação dos
vasos formadores dos chamados coxins hemorroidários.
Vasos hemorroidairos congestos: |
- Fatores desencadeantes ou agravantes: Intestino
preso ou constipação intestinal, diarreia crônica, gravidez ou abuso de
laxantes.
Gravidez: |
Laxantes:Uso abusivo. |
Teorias que tentam explicar a causa das hemorroidas:
- Das Veias varicosas: Justificada por fatores que
dificultam o retorno ou drenagem do sangue das veias pelo aumento da pressão abdominal
observada nos obesos, e pela posição ortostática ou de pé que ficamos
diariamente;
- Hiperplasia vascular: Aumento
e transformação dos vasos formadores dos coxins hemorroidários;
- Teoria hemodinâmica: Há um
hiperfluxo ou enchimento de sangue precoce das veias, consequente a fístulas
arteriovenosas na submucosa retal, a nível dos coxins. Um aumento do fluxo arterial ou uma diminuição
da drenagem venosa determinam uma hipertensão com consequente hiperplasia e
aumento do volume. A dilatação dos coxins hemorroidários facilita a sua saída
ou prolapso durante as evacuações sob esforço. O aumento da pressão dos plexos
hemorroidários facilita a ruptura das anastomoses arteriovenosas, que podem
sangrar espontaneamente. A cor vermelha do sangramento referida pelos pacientes
após as evacuações confirma a origem arterial do sangramento.
- Teoria mecânica ou degenerativa: Há
uma degeneração dos tecidos que seguram ou sustentam os coxins mucosos acima da
linha denteada ou dentro do reto, o que determinará o seu prolapso ou saída.
Este prolapso da origem a classificação das hemorroidas internas em 4 graus.
Prolapso dos coxins: |
As pesquisas e evidencias cientificas sinalizam para a
teoria do deslizamento dos coxins
arteriovenosos. Essa teoria associada a dificuldade ou esforço para evacuar
fezes endurecidas, acabaram por determinar a saída progressiva ou deslizamento
dos mamilos hemorroidários, com
aparecimento de sintomas decorrentes da exposição e trauma sofrido pela mucosa
do mamilo, como sangramento, peso anal, ardência e irritação da pele perianal,
dermatite com prurido muitas vezes intenso. Essa teoria representa a base para
as principais formas de tratamento moderno do prolapso hemorroidário como o laser, PPH e o HAL ( ligadura da artéria
hemorroidária guiada por Doppler).
3- Sintomas:
- Sangramento: O sangramento vermelho vivo,
geralmente indolor, que aparece após a evacuação, e que mancha o papel
higiênico, muitas vezes é o único e o principal sintoma das hemorroidas.
Sangramento: vermelho vivo. |
- Ardência e pontada
- Sensação de peso anal
- Prurido ou coceira na pele perianal: O prolapso ou saida da mucosa poderá drenar um muco, que irritrá a pele perianal, dando uma dermatite com coceira.
Comentário:
A parada do sangramento, representa a principal indicação e o objetivo das diferentes formas
de tratamento das hemorroidas.
4- Classificação:
Na minha opinião, a indicação correta de um
determinado tipo de tratamento clinico ou cirúrgico para as hemorroidas será
fundamentado em uma classificação
correta para as hemorroidas, que resultará de uma boa interpretação dos
sintomas, do grau de prolapso e da realização de uma anuscopia durante a
consulta.
Endoscopia: |
Comentário:
Como atualmente as consultas geralmente são muito
rápidas ( plano de saúde) os sintomas são pobremente interpretados e quase
nunca se faz uma anuscopia durante a consulta, e a melhor forma de tratamento
poderá não ser indicada naquele momento.
Classificação das Hemorroidas Internas, quanto ao
prolapso dos mamilos:
1 grau: O
mamilo hemorroidário não prolaba ou sai com a evacuação ou aos esforços.
2 grau: quando o mamilo hemorroidário interno prolaba com o esforço evacuatório, exteriorizando-se pelo ânus, porém retraindo espontaneamente cessado esse esforço.
3 grau: O mamilo sai ou prolaba à evacuação e/ou aos esforços e não retorna espontaneamente, necessitando ser recolocado digitalmente para o interior do canal anal.
Manobra digital: |
4 grau: É aquele mamilo interno prolabado, permanentemente, para o lado externo do canal anal, sem possibilidade de ser recolocado para o interior do canal anal.
Comentário: A critica a essa classificação, é que a mesma só considera o prolapso ou saída da mucosa anal e não considera os sintomas referidos pelos pacientes e nem o componente pele das hemorroidas. Eu concordo porque, na minha experiência clinica, existem pacientes com hemorroidas de graus III/IV sem sintomas e hemorroidas iniciais com sangramento que coloca pacientes em pânico. Devemos tratar os sintomas e são esses seguramente que indicam as diferentes formas de tratamento clinico ou cirúrgico.
HAL: Tratamento da hemorroida pela ligadura da artéria hemorroidária guiada pelo Doppler.
Morinaga et al, descreveram,
pela primeira vez essa nova técnica para o tratamento cirúrgico da doença hemorroidária, os autores
descreveram a disposição do proctoscopio acoplado ao probe-Doppler, com o
objetivo de localizar e ligar as artérias hemorroidárias internas.
Proctoscopio: com Doppler. |
- Procedimento:
Existe uma artéria chamada de
retal superior, que ao chegar no reto, na parte distal deste, se ramifica,
formando juntamente com pequenas veias, tecido areolar ou de sustentação os chamados
coxins hemorroidários.
Artéria Retal Superior: |
Esses ramos arteriais, em numero de 6 a 8 dispostos como em números impares na circunferência retal ( 1,3,5,7,9,11), poderão ser detectados ou audíveis pelo Doppler acoplado na extremidade de um probe ( sonda), que será introduzido pelo proctologista na luz do reto através de um anuscopio especialmente desenhado para este fim. A artéria detectada pelo Doppler, será ligada ou amarrada pelo cirurgião com um fio absorvível e com agulha adequada para esta técnica. Após ligadura da artéria, poderemos passar novamente o Doppler para comprovação de que a artéria realmente foi ligada. O mesmo procedimento de ligadura arterial se repete em toda a circunferência retal para os outros ramos arteriais. No ponto inicial do fluxo arterial detectado pelo Doppler, será dado um ponto em X e será feito uma sutura continua até aproximadamente 2 cm da linha denteada, onde será dado um nó para ligar a artéria e ao mesmo tempo reduzir o prolapso.
- Indicações:
Hemorroidas
Internas de grau III: Indico este procedimento para a resolução do
sangramento e prolapso das hemorroidas de terceiro grau. A redução, fixação e
descongestionamento do prolapso nas hemorroidas de grau III foram
satisfatórios.
Hemorroidas Internas de grau IV: Poderá
tratar o sangramento e o ingurgitamento das veias, mas não tratará o plicoma ou
pele fora da abertura anal, que poderão ser retirados com o laser, na mesma
cirurgia ou posteriormente sob anestesia local.
Laser: |
Hemorroida grau II: Eu
prefiro a ligadura elástica, porem esta técnica poderá também ser realizada,
dando-se um ponto na artéria detectada pelo Doppler.
Preparo da ligadura: |
Doppler: |
Doppler: Introduzido reto. |
Artéria ligada e coxim reduzido: |
- Resultado:
Sangramento: Índice
de sucesso de 96%.
Prolapso: 80% de bom resultado.
- Vantagens dessa técnica:
1- Sensibilidade e integridade
preservados;
Sensibilidade mantida: |
2- Sem feridas, cicatrizes e
estreitamentos;
Sem cicatrizes: |
3- Estreitamento cicatricial:
4- Não provoca incontinência anal;
5- Retorno precoce as atividades;
6- Boa opção para os pacientes idosos e com problemas de incontinência.
- Complicações:
Referidas pelos pacientes tratados de hemorroida pela técnica da Desarterialização transanal das hemorroidas guiada por Doppler, THD.
Obs. Não foi citada nenhuma complicação seria
na literatura medica.
- e-mail. paulobranco@terra.com.br
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